O prefeito de Ipira, Marcelo Baldissera, que foi preso preventivamente no dia 19 de junho em uma operação do Gaeco, foi solto na última quinta-feira, dia 18. Ele estava detido em Curitibanos e foi liberado para responder o processo em liberdade. Em conversa com o Jornal Comunidade, ele destacou que não recebeu vantagens e nem dinheiro e relatou que as empresas investigadas na operação já prestavam serviços em Ipira desde 2012.
A liberdade de Marcelo e mais quatro prefeitos foi concedida pelo desembargador Sidney Eloy Dalabrida, que entendeu que não há riscos que justificaram a medida extrema de prisão, para o curso da investigação. Já outros cinco investigados permanecem presos. “É uma investigação de empresas de assessorias, que já prestavam serviços em nosso município desde 2012. Uma destas empresas investigadas venceu a licitação no ano de 2021 e não teve a prorrogação do contrato, encerrando-se ainda no ano de 2022. Não recebi dinheiro ou vantagens pessoais”, afirmou Baldissera ao Comunidade.
O prefeito também relatou que contribuiu com a operação e destacou que confia na Justiça. Também ressaltou o apoio que tem recebido. “Busquei colaborar com a investigação e acredito que a Justiça e a verdade prevalecerão. Aproveito para agradecer o apoio e solidariedade das inúmeras pessoas, estou de consciência tranquila, acredito que isso tenha ocorrido para um propósito maior. Mantenho a fé em Deus e sempre estarei em busca do melhor por Ipira”, concluiu.
Baldissera e outros prefeitos que estão respondendo o processo seguem com suspensão do exercício das funções públicas, de acesso e frequência às sedes das prefeituras em que os supostos ilícitos foram praticados, vedação, por qualquer meio, de contato entre si, com os demais denunciados e com as testemunhas arroladas pelo Ministério Público, proibição de se ausentarem das comarcas em que residem sem prévia autorização judicial por período superior a três dias, obrigação de comparecimento a todos os atos processuais e compromisso de manter o Juízo informado a respeito de eventual mudança de endereço.
A defesa do prefeito já declarou que trabalha para provar a inocência de Baldissera. Em entrevista à imprensa na semana passada, o advogado Vilian Bazo confirmou que Marcelo segue afastado do cargo e também falou que ele pode vir a ser candidato novamente. O defensor relatou que a defesa conseguiu mostrar ao desembargador responsável pelo caso, que não há provas de que o prefeito tenha condutas que configurem delitos e por isso o alvará de soltura foi concedido para que ele responda o processo em liberdade.
A Operação:
Conforme o Ministério Público, a operação busca desarticular possível organização criminosa, capitaneada por grupo empresarial, suspeita de praticar ilícitos contra a Administração Pública, especialmente o desvio de recursos públicos e fraudes em licitações, e que, em suas ações, estaria buscando recrutar agentes públicos e particulares com o fim de obter ganhos ilícitos em prejuízo ao patrimônio público.
De acordo com a investigação, o grupo criminoso atuaria com a finalidade de direcionar processos licitatórios em diversos municípios do Estado. Sob o pretexto de prestar serviços de consultoria e de assessoramento para captação de recursos públicos, buscava firmar contratos públicos sem que houvesse necessariamente a comprovação de qualquer atividade, mas que serviria de subterfúgio para que servidores públicos, assim como agentes políticos e particulares, auferissem ganhos ilícitos por meio do recebimento de vantagens indevidas.
Em Ipira os alvos da operação são gestores da atual e da administração anterior, aproximadamente dos anos de 2016 a 2022. O prefeito Marcelo Baldissera foi preso preventivamente. Também foi cumprido um mandado de busca e apreensão na casa do ex-prefeito, Emerson Ari Reichert.
Cristiano Mortari/ Jornal Comunidade